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A profissão de cuidador de idosos é a profissão que mais cresce no Brasil, mas ainda consiste em uma área carente de qualificação profissional
O que faz alguém ser um bom cuidador de idosos? O processo de envelhecimento é um tema relativamente novo na nossa sociedade, e ainda estamos passando por uma fase de adaptação do mercado. Com alta de 547%, cuidador de idoso é a profissão que mais cresce no país. Entretanto, ainda é uma área carente de qualificação profissional.
Ter as habilidades emocionais desenvolvidas é um fator importante para o trabalho no cuidado. A empatia e a paciência são duas características fundamentais para o exercício do papel de cuidador de pessoas idosas. Neste post, compartilhamos algumas dicas para desenvolvê-las continuamente:
A perda da saúde, da independência e a finitude são assuntos assustadores e velados na maior parte dos países, e no Brasil não é diferente. Cada um de nós vai passar por essa fase de formas diferentes. Uns de acordo como viveram a vida, outros de acordo com sua fé, religião e assim por diante. Ou seja, existem inúmeras possibilidades de envelhecer e, por este motivo, é importante ser paciente. Temos que aprender a envelhecer e entender como queremos, podemos e vamos envelhecer.
Toda pessoa idosa tem uma história e uma forma de lidar com a própria história. Muitas vezes, a pessoa idosa pode mudar de humor várias vezes ao dia, afinal está vivendo uma parte desconhecida da vida e sabe que o fim é um só.
Sempre se depara com alguma nova limitação, um novo medicamento ou novas reações colaterais. Ainda por cima, várias pessoas de seu círculo próximo determinam o que ela deve beber, comer e fazer. Desconhecidos também acabam tomando conta do seu poder de escolha: sua autonomia e individualidade. Isso gera na pessoa idosa ansiedade, incômodo e sensação de desrespeito. Ela quer ficar bem logo para recuperar sua autonomia, e esse é um dos motivos pelo qual devemos ser paciente com elas.
As pessoas idosas descobrem de forma abrupta que, cada vez que se queixam, terão que ir ao médico, tomar mais remédios e obedecer novas “regras”. Daí a famosa resposta: estou ótima! (Lê-se: ninguém mais vai mandar em mim).
Pratique o exercício da empatia: coloque-se no lugar dessa pessoa e imagine como receberia tantas informações e proibições (por melhores que sejam as intenções). Essa fase deve ser feita com muito tato e paciência.
Há uma fase no processo de envelhecer, em que a pessoa idosa repete diversas vezes as mesmas histórias e existem algumas explicações para tais ocorrências.
O ser humano tem vários tipos de memória. No caso da pessoa idosa, dois tipos importantes de memória podem sofrer alterações: a “memória de entrada” (de quem contou ou de como a informação chegou) e a “memória de saída” (para quem contou).
Numa pesquisa realizada pela Rotman Research Institute, em Toronto, a pessoa idosa tem uma perda de 21% nas informações da memória de saída em relação a jovens entre 18 e 30 anos de idade, disse o coautor do estudo Nigel Gopie, cientista cognitivo, em comunicado. Isso significa que a pessoa idosa tende a esquecer para quem ela contou a história. Esse processo pode ter início por volta dos 65 anos de idade.
Outro motivo da repetição é a demência (importante saber que existem diversos tipos de demência. Alguns exemplos: demência vascular, Parkinson, senil, frontotemporal, Alzheimer, que é a mais conhecida delas, entre outras). Inicial ou não, ela causa danos à memória recente da pessoa idosa e faz com que ela conte diversas vezes as mesmas histórias.
Outra forma para entender a repetição:
No caso de uma pessoa idosa acamada, dependente fisicamente, e bem intelectualmente, só lhe restam as lembranças para dividir com os demais. Dessa forma, tendem a contar histórias repetidas vezes, sejam elas boas e alegres, ou duras e difíceis.
Em alguns casos, as histórias duras e difíceis são as que precisam ser trabalhadas, perdoadas ou resolvidas. Ao repeti-las, a pessoa idosa, junto de um bom ouvinte, pode aliviar questões do passado.
As boas e alegres são uma forma de se permitir sorrir e ser feliz, mesmo dentro de suas limitações. Reviver bons momentos em alguns casos passa a ser melhor do que pensar no futuro.
Seja qual for a razão, paciência: ninguém esquece intencionalmente.
Somados à paciência, é muito importante que um bom cuidador tenha também disposição e criatividade. Pessoas idosas tendem a recusar ofertas para fazer passeios, tomar banho, se alimentar e fazer exercícios. É nessa hora que o cuidador precisa ter muita disposição, criatividade e paciência. Ele vai ter de negociar cada ação que deverá ter com a pessoa idosa.
Muitas vezes, apenas ao dizer que é preciso beber água para não desidratar, o cuidador recebe como resposta: não estou com sede. Para esse caso específico, existem algumas possibilidades de ação:
Entenderam por que um cuidador deve ter disposição e criatividade? Isso vai valer para diversos momentos durante o dia a dia.
A pessoa idosa demora um certo tempo para confiar em um cuidador, pois acredita que ele vá contar tudo aos filhos ou responsável.
É importante que o cuidador saiba o que de fato deve contar aos familiares e o que pode ficar em segredo. Geralmente, a melhor forma de saber é fazendo a seguinte pergunta:
Se sim, ela deve contar aos responsáveis. Do contrário, pode ficar como um segredo entre os dois.
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