Cuidadores de idosos | Saúde

Como perceber as dificuldades do idoso em realizar movimentos

por Daniela Santilli
27 de abril de 2020

Um dia você começa a perceber as limitações da pessoa idosa. Uma maior frequência de quedas aparentemente bobas que ela passou a ter nos últimos tempos. O carro com mais arranhões. Algumas confusões que ela possa estar fazendo no dia a dia. Daí você pensa: o que fazer?

Foto: Rocketclips, Inc. – Shutterstock.com

Esse é um momento muito delicado na vida de todos e todas: começar a perceber as dificuldades da pessoa idosa, ou que algumas das funções dessa pessoa com quem você convive não parecem ser mais seguras e/ou saudáveis. No começo pode parecer que a pessoa idosa está distraída no trânsito, que talvez não seja mais seguro que ela suba no telhado para arrumar a antena ou trocar uma telha, etc. Já a pessoa idosa vai achar bobagem, ou que você está tirando dela a sua autonomia. 

Aí a pergunta: como avisar a uma pessoa idosa que ela precisa mudar algumas atitudes?

Não existe fórmula mágica. Tudo vai depender de muitas coisas. A sua relação com a pessoa idosa, como ela lida com a vida: se é de bem com a vida, bem humorada, séria, mal humorada, ranzinza.

Uma conversa verdadeira é sempre um bom começo. Não precisa começar a proibir nada, apenas ir pontuando alguns acontecimentos que te deixaram preocupada(o) com a saúde ou segurança dessa pessoa. Por exemplo: “Vi que seu carro está mais arranhado, você bateu duas vezes o carro em um mês. Está tudo bem?” “Você viu que o tio da dona Chiquinha caiu da escada? Não quero que isso aconteça com você também, pois te amo e que quero que você me ajude a te ajudar”.Pior do que não fazer mais algumas coisas, é fazer e acontecer algum acidente. É preciso reconhecer e respeitar suas limitações”. 

Uma dica é conversar sobre as dificuldades do idoso em um tom amigável e carinhoso. Proibir apenas em último caso.

Como intervir quando se percebe dificuldades do idoso ao dirigir?

A forma mais eficaz é falando com o médico da pessoa idosa e pedindo que ele converse com ela. Pode ser o clínico geral, o geriatra, o cardio ou o oftalmologista. Eles saberão falar com argumentos e fatos as dificuldades do idoso na direção. Depois dessa conversa, faça um combinado com a pessoa idosa que você poderá cobrar, caso ela quebre o trato. Em último caso, tome uma atitude limitadora e converse com a pessoa idosa para que fique claro o motivo da intervenção. Esconda a chave do carro. Leve o veículo para outro lugar. Mostre outras opções mais seguras! Sempre tentem fazer um acordo que não viole o respeito mútuo.

Meu pai não para de fazer coisas em casa e se colocar em situações de risco. O que eu faço?

A melhor coisa é você sugerir de fazerem juntos. Você toma as rédeas das coisas e faz a parte mais arriscada, que colocaria a pessoa idosa em risco. Peça a ele para te coordenar.

Diga que sempre quis aprender a fazer, para que ele ensine. Se necessário, estimule que ele faça consertos pequenos, que possam ser realizados numa mesa: como consertar um rádio relógio, etc. Se você não puder ou não gostar desse tipo de trabalho, contrate alguém e peça para a pessoa idosa coordenar o trabalho do profissional, mas fique por perto durante a execução do trabalho. Participe de alguma forma.

Minha tia não está ouvindo direito. Como posso ajudar?

Problemas de audição devem ser resolvidos com aparelho auditivo o quanto antes. Uma pessoa idosa que não ouve bem começa a ter alterações de humor e pode ser mal interpretada, pois ouve algo diferente do que foi falado para ela. Até existe o estereótipo ruim da pessoa idosa surda. É preciso não cair nesse lugar da piada, e ajudá-la a procurar um profissional. É comum notar dificuldades do idoso nesse sentido. Ouvir mantém a pessoa idosa conectada com o mundo, seja por telefone, por música ou pela televisão. Fique atento.

O importante é que a pessoa idosa se sinta amada e protegida por você. Sinta que não está só e que pode contar com seu apoio. 

Sobre a autora:

Daniela Santilli

Daniela Santilli, fundadora do Plano Cuida Idoso, onde escreve e compartilha sobre cuidados, direitos e experiências com a terceira idade, formada cuidadora de idosos pela Cruz Vermelha, estudante de Gerontologia. Atua no mercado atendendo a pessoa idosa e seus familiares em casa, onde trabalha segurança, organização, afeto e reinserção social da pessoa idosa.

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