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Apresentar os benefícios da internet ao idosos é uma estratégia de aprendizagem
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad Contínua TIC), divulgada no início de 2020, apontou que o percentual de brasileiros com acesso à internet em 2018 era de aproximadamente 74,7%. Da população sem internet, metade disse que não acessa por não saber usar computadores e dispositivos. E a inclusão digital para idosos?
Segundo levantamento feito pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), 25% da população idosa utiliza os serviços on-line, principalmente via celular.
Diante desse cenário, é possível aumentar a inclusão digital para idosos que não se interessam por não ter o conhecimento necessário, pois a aprendizagem, segundo o psicólogo Rafael Modenesi*, é um processo permanente, uma vez que ocorre durante toda a vida, não sendo diferente durante a velhice.
“Quando se fala em aprendizagem durante a velhice, há o estigma de que o idoso não consegue aprender por conta das perdas cognitivas decorrentes do envelhecimento. Entretanto, tais perdas podem ser compensadas pelo ganho de conhecimento”.
Rafael explica que, apesar do estigma que idosos não conseguem aprender, pesquisas sobre o tema apontam que eles podem adquirir novos conhecimentos e ter altos níveis de desempenho comparáveis aos de quando eram jovens.
“A continuidade do processo de aprendizagem na velhice é fundamental para manter as pessoas idosas permanentemente integradas no contexto social em que vivem, além de melhorar a autoconfiança, independência, capacidade para lidar com problemas práticos, aumento do autoconhecimento e diminuição da dependência de outros, ou seja, uma melhoria na qualidade de vida”.
– Inicialmente, é importante considerar o estigma que existe na sociedade sobre as possibilidades de aprendizagem na velhice, e que isso pode ter impactos na autoestima do idoso(a). Dessa forma, trabalhar aspectos como autoestima e confiança pode ser determinante. Por isso, os instrutores (ou familiares) que forem auxiliar a pessoa idosa em sua inclusão digital devem ser ainda mais pacientes.
– Outro aspecto importante é a motivação. O idoso precisa compreender os benefícios de usar a tecnologia, engajando-se de forma autônoma (e não impositiva) no processo de aprendizagem. Para tanto, compreender como a tecnologia e também a inclusão digital para idosos podem ser úteis para idosos é fundamental.
– Identificar, com a pessoa idosa, as principais ferramentas digitais que serão úteis e começar pelas mais simples. Por exemplo, o uso do Whatsapp requer um número menor de habilidades do que o uso do Facebook. Além disso, habilidades aprendidas com o uso do Whatsapp serão úteis na aprendizagem do funcionamento do Facebook.
– Diferente dos “nativos digitais”, a aprendizagem do funcionamento de aplicativos e ferramentas digitais não é intuitiva para as pessoas idosas. Sendo assim, é importante que o instrutor facilite ao máximo o aprendizado e o faça com calma. Ensine o passo a passo de determinada tarefa (por exemplo, como enviar uma mensagem pelo Whatsapp) com paciência, e repetindo quantas vezes for necessário. Peça para o aprendiz fazer do início ao fim e repetir até que esteja dominando a tarefa sem a necessidade de auxílio ou instruções adicionais.
– Instale softwares de segurança nos computadores ou celulares do idoso, além de auxiliá-lo a criar senhas fortes para os serviços e como memorizá-las (ou anotá-las em um caderno que fique em casa). É importante também que seja discutido o funcionamento da internet de forma geral, da possibilidade de golpes, não compartilhar senhas, identificar fontes seguras de informação, etc.
– Faça uso do aplicativo, criando rotinas de uso. O uso repetido auxilia na retenção do que foi aprendido, além de gerar novas situações de aprendizagem, proporcionando um contexto de aprendizagem que leve ao domínio do uso dessas ferramentas digitais.
A inclusão digital para idosos, além de apresentar benefícios de como acessar serviços, pode aumentar a socialização e qualidade de vida dessa população.
*Rafael Modenesi é Doutor em Psicologia Experimental pela USP em Análise do Comportamento, Professor Universitário e Pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia sobre Comportamento, Cognição e Ensino (INCT-ECCE)
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