Aprendizado

A importância da escuta no cuidar de idosos

por Sérgio Serapião
16 de março de 2020

Exercitar a escuta é importante para um bom relacionamento com a pessoa idosa.

Cuidar de alguém é uma das tarefas mais nobres que pode haver. A origem da palavra “cuidar” tem raízes na mesma palavra que deu origem a “curar”. A cura e o cuidado exigem técnica, conhecimento e, principalmente,  atenção às necessidades da pessoa que está sendo cuidada.

Mas como faço para escutar alguém com demência?

Saber escutar o que a pessoa precisa, o que seu corpo lhe comunica, o que suas atitudes denunciam é fundamental para provermos um cuidado individualizado. Independente do estado de saúde da pessoa, ela sempre será capaz de lhe dizer, desde que você esteja aberto para escutá-la.

Um trabalho de campo desenvolvido no Canadá e no Brasil pelo Teatro do Sopro, grupo de palhaços terapeutas liderados por Olivier Terreault, apoiados pelo Lab60+, assistentes sociais e psicólogos, verificou que pessoas demenciadas desenvolvem alta sensibilidade e, portanto, percebem até o estado emocional das pessoas que se aproximam fisicamente. Ao realizar visitas regulares a instituições de longa permanência, verificaram que, ao se aproximarem de pessoas com estágios avançados de demência, com um protocolo que previa concentrarem-se no presente (mindfulness), de forma leve e real interesse na conexão com a pessoa, eles conseguiam ativar a comunicação oral de pessoas que, por vezes, não se comunicavam há semanas. Com o tempo, transformaram suas descobertas numa metodologia chamada “empatilhaço“, a qual treina pessoas para se prepararem para “acelerar” a construção de relações de confiança. Foi uma metodologia desenvolvida a partir do aprendizado obtido de pessoas com demência. Se não estivessem escutando aos demenciados, não teriam obtido sucesso.  

Cuidar do outro é estar aberto a aprender com o outro

Esse é apenas um exemplo da importância e riqueza de se escutar e se conectar com os idosos de quem cuidamos. Quanto mais dependentes e sem autonomia estiverem, maior a necessidade de escuta a ser aplicada. A atitude presente com escuta plena tende a trazer melhores resultados para a saúde do idoso e podem vir a trazer grande crescimento socioemocional de quem cuida.

Sobre o autor:

Sérgio Serapião

Empreendedor social, fellow Ashoka, atua há +14 anos com longevidade, cofundador e diretor da Labora, 1a startup de RH (HRtec) voltada para integrar talentos seniores a profissões do futuro, solucionando desafios de empresas e sociedade. Fundador do Movimento LAB60+, laboratório social colaborativo que busca soluções práticas para a co-construção de um mundo mais longevo. Membro do conselho do Sistema B Brasil.

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